Em 1974, no seu Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem, Rodrigo de Sá Nogueira escrevia o que abaixo transcrevo.

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Podemos ser puristas e seguir as suas recomendações, mas este é um facto consumado da língua e como nos dizia também o mesmo autor «a língua é o que é, e não o que deveria ser».

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«Dois vezes três — É frequente ouvir-se a crianças das escolas e a adultos descuidados dizer: “dois vezes um, dois vezes dois, dois vezes três,…”, quando não dizem: “dois vez um, dois vez dois, dois vez três,…”. — Está bem de ver que isso é um disparate rematado. Diga-se: “duas vezes um, duas vezes dois, duas vezes três,…”. — Não se diga também, pela mesma razão: “um vez um, um vez dois, um vez três,…”, como também se ouve a crianças das escolas e a adultos descuidados. Diga-se: “uma vez um, uma vez dois, uma vez três,…”. — A razão do que deixo dito é óbvia: é uma questão de concordância: vez é uma forma feminina e singular, e vezes é uma forma feminina e plural. Portanto “uma vez“, “duas vezes“, e não, de modo nenhum, “um vez” e “dois vezes” e menos ainda “dois vez“. — Resumindo: “uma vez um” (1 X 1); “uma vez dois” (1 X 2); “duas vezes um” (2 X 1); “duas vezes dois” (2 X 2); “três vezes um” (3 X 1); “três vezes dois” (3 X 2);…»

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