Conforme nos conta Rodrigo de Sá Nogueira no Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem, em 1710, António de Melo da Fonseca (pseudónimo de José de Macedo) publicou um livro de 416 páginas, intitulado Antídoto da Língua Portuguesa.

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Neste livro, defendia o fim da terminação -ão e enumerava as transformações necessárias. Seguem-se alguns exemplos*.

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-one

Teríamos palavras como ladrone (ladrão) ou sermone (sermão).

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-ione

Devocione (devoção), obrigacione (obrigação), ocasione (ocasião).

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-ano

Irmano (irmão), escrivano (escrivão), mano (mão), capitano (capitão), sacristano (sacristão).

Aqui teríamos algumas excepções: pão seria pane e cão seria cane, evitando assim ambiguidade com as palavras já existentes «pano» e «cano».

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-ana

Esta seria a nova forma da terminação feminina e teríamos: irmana (irmã), vilana** (vilã), vana (vã), sana (sã), manhana (manhã), lana (lã), rana (rã).

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-tude ou -dade

Solitude (solidão), lentitude (lentidão), exactitude (exactidão), vastidade (vastidão).

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-ano

Empurrano (empurrão), manjericano (manjericão), trovano (trovão), abanano*** (abanão).

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* Assumindo como verdadeira a sentença de que só valorizamos algo quando o perdemos, sugiro passarmos o resto do dia a demonstrar carinho à terminação -ão e a desejar-lhe vida longa!

** Confesso que não desgosto da palavra vilana.

*** A minha preferida!

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