Além de corrigir os erros ortográficos e gramaticais, a revisão também pode ajudar a simplificar um texto, a torná-lo mais claro.
Segue-se um exemplo da revisão de um conto.
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Original
Em passo apressado, um homem aproxima-se dos cactos. Pára. Olha em volta discretamente para garantir que pode avançar. Mete a mão direita dentro do seu sobretudo e retira um envelope pardo que esconde com muito cuidado entre as folhas do cacto mais à direita. Sentada num banco diagonal à zona dos cactos, D. Maria observa-o. O homem olha novamente em volta e, sem reparar na senhora de setenta e três anos que o observa, retoma o seu passo apressado em direcção à saída.
D. Maria abre a sua mala e retira um lenço de papel já usado. Assoa o nariz e volta a guardar o lenço na mala. Pega depois numa amostra de perfume que lhe deram quando passava à porta da nova perfumaria que abriu no bairro e experimenta-o no pulso direito. Por culpa da constipação, não lhe cheira a nada. O jardim está calmo, como habitualmente àquela hora. D. Maria agarra na sua mala e dirige-se ao cacto. Com cuidado, enfia a mão direita entre as folhas do cacto e retira o envelope pardo que imediatamente guarda na sua mala. Coxeando da perna esquerda, por causa da ciática, passa pelo lago a caminho da saída na esperança de ver a garça-nocturna. Nem sinal dela. É provável que esteja recolhida numa árvore.
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Revisto
Em passo apressado, um homem aproxima-se dos cactos. Pára. Olha em volta discretamente para garantir que pode avançar. Mete a mão direita dentro do sobretudo e retira um envelope pardo que esconde, com muito cuidado, entre as folhas do cacto mais à direita. Sentada num banco, D. Maria observa-o. O homem olha novamente em volta e, sem reparar na senhora de setenta e três anos, retoma o passo apressado em direcção à saída.
D. Maria abre a mala e retira um lenço de papel já usado. Assoa o nariz e volta a guardar o lenço. Pega depois numa amostra de perfume que lhe deram à porta da nova perfumaria do bairro e experimenta-o no pulso direito. Por culpa da constipação, não lhe cheira a nada. O jardim está calmo, como habitualmente àquela hora. D. Maria dirige-se ao cacto. Com cuidado, enfia a mão direita entre as folhas e retira o envelope pardo que imediatamente guarda na mala. Coxeando da perna esquerda, por causa da ciática, passa pelo lago a caminho da saída, na esperança de ver a garça-nocturna. Nem sinal dela. É provável que esteja recolhida numa árvore.
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Este exemplo é aqui publicado com a autorização da autora.
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